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MENOS É MAIS

Menos é mais.

Vivemos hoje no que pode ser a era mais pacífica da humanidade até hoje e também a mais farta, e ainda assim estamos sempre em busca de algo a mais.

Sempre em busca. Mas em busca de quê? Busca da felicidade? Amor?

Somos encorajados a manter o vício da compra, do corpo perfeito, dessa ilusão da mídia e propaganda. Cada vez mais e mais. Com inúmeras possibilidades que esbarram no paradoxo da escolha. Escolhas demandam energia. No paradoxo da escolha você tem inúmeras opções, mas talvez não se sinta tão feliz como quando tinha só uma por que pensa que pode ter feito a escolha errada ao invés de aproveitar a escolha que fez.

Será que você foi comprado pela ideia de que o novo celular ou sua próxima viagem te deixarão feliz finalmente? Que era isso que você buscava e que você luta, luta, luta e quando você alcança... você não está feliz. E então você volta a buscar. A buscar a felicidade? Que vem como mesmo? “Alguém tem a resposta?” Grita a mente perdida anseando por uma solução. “Compras, viagens, corpo!” respondem as propagandas. E voltamos a corrida dos ratos.

Será que você está vivendo no automático? Sempre em busca da felicidade? Sempre em busca?

O que é realmente essencial para a vida? Nós não precisamos de muito mais do que água e ar para sobreviver. Há vários modelos possíveis de vida. Um dos mais famosos é o do "Sonho americano" de comprar tudo. E muito disso foi possível devido ao preço das coisas se tornando mais baratas, portanto, mais acessíveis, de forma que passamos a comprar mais. Mas compramos tanto mais que não só as casas cresceram, mas elas também estão cheias e as vezes, em alguns casos, há uma busca por espaço ainda além dela para armazenar tudo isso.

Comprar parecia ser, mas já não acho mais que seja a resposta.

As pessoas usam cerca de 40% do espaço de suas casas, é o que mostra o documentário dos “minimalistas” Joshua Fields Millburn e Ryan Nicodemus. Conhecidos como “The minimalists” ou “Os minimalistas” eles são dois amigos que estavam em situações quase identicas, mas que a abordagem de vida alterou radicalmente a felicidade de um deles.

"As coisas que eu comprei para me fazer feliz, na verdade não estavam fazendo este trabalho"

Ao estar infeliz com o que diziam ser sucesso Joshua depois de ver que o dinheiro não havia solucionado sua felicidade passa a se perguntar: Isso adiciona valor a minha vida? Daquilo que comprei no passado, o que ainda me deixa feliz?

“O minimalismo é um estilo de vida que ajuda as pessoas a questionar quais as coisas que adicionam valor a vida delas. Ao limpar a bagunça do caminho percorrido em nossa vida, nós podemos dar espaço aos aspectos mais importantes da vida: saúde, relacionamentos, paixão, crescimento e contribuição.” Joshua Fields Millburn & Ryan Nicodemus


Trailer do Doc. Minimalism. Tem no Netflix. Recomendo fortemente ^ ^

Não é preciso se ater a um rótulo, mas sim se questionar sobre as suas posses até por que para cada pessoa houveram diferentes encaixes perante esses questionamentos. Um dos casos é o de um casal onde uma das pessoas tem a possibilidade de largar o emprego se eles se mudarem pra uma casa menor. Foi feita uma tentativa, afinal, se não gostassem de viver daquela forma, poderiam simplesmente voltar a viver como antes. No final, decidiram ficar na casa menor ao perceberem que o espaço e o tempo haviam trazido uma vida mais feliz e saudável para eles.

Outro caso é o da criadora do “Projeto 333”, Courtney Carver. Ela se perguntou se conseguiria aderir o minimalismo no meio empresarial. Desafiou-se a usar somente 33 peças de roupa por 3 meses, vestindo-se socialmente sem que as pessoas notassem alguma diferença, e ela conseguiu. Isso fez com que seu guarda-roupa fosse reduzido drasticamente. A questão talvez não seja ter um armário com peças que goste mais ou menos, mas ter um armário somente com suas peças favoritas. Qualidade é melhor que quantidade aqui. Afinal, não estar preparado para tudo te juda a fazer mais parte da comunidade caso você não tenha a ferramenta certa ou queira usar um vestido diferente, por exemplo.

19Não acumuleis para vós outros tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde ladrões arrombam para roubar. 20Mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde a traça nem a ferrugem podem destruir, e onde os ladrões não arrombam e roubam. 21Porque, onde estiver o teu tesouro, aí também estará o teu coração.” Mateus 9; 19-21.

A pouco tempo eu me mudei e também tive uma redução de espaço significativa que me ajudou a desapegar de alguns bens materiais. A princípio pode ser até um pouco relutante para desapegar, soltar as suas coisas é um processo. Mas quanto mais coisas você deixa ir mais leve você fica, mais você entende que você não é nem nunca foi essas coisas, que quanto menos coisas você tem de cuidar mais tempo você tem para viver.

“Imagine uma vida com menos: coisas, desordem, estresse, dívidas, distrações, insatisfações.

Agora imagine uma vida com mais: tempo, relacionamentos significantes, crescimento, contribuição, contentamento." The minimalists

Talvez você já tenha experimentado um pouco do que é viver com menos ao ficar num quarto de hotel ou ao acampar. O objetivo aqui não é te fazer aderir ao minimalismo, mas sim te fazer questionar e agir sobre esse questionamento.

O problema não é o consumo em si. Mas sim o consumo compulsivo, não pensado. E pensar não só sobre o acúmulo de bens materiais mas também os imateriais. Me diga, como está sua caixa de e-mail?

Não se trata de ter menos, nem de ter pouco, menos ainda de ter muito, mas de ter o suficiente. E o suficiente varia de acordo com cada pessoa, e pra encontrar o seu, é preciso estar presente. E para estar presente não há ferramenta melhor que a meditação.

Nós pagamos um preço muito alto por não estar presente. Estar pensando sempre um passo a frente, sempre no que comprar mesmo logo após ter comprado algo novo. Pensando na mensagem que vibra no bolso enquanto "conversamos" com outra pessoa do outro lado da mesa.

Ficamos pensando sobre passado, sobre futuro, e não vivemos o presente. Como se o bastante estivesse por vir ou já tivesse passado, mas nunca no agora. Só tem dois dias onde é impossível fazer algo: ontem, e amanhã.

Depois de ter feito algumas práticas meditativas e passados por alguns conceitos sobre o que é meditação eu gosto hoje de definir a meditação como “estar presente”, como um carpe diem. Pra você que nunca meditou tente simplesmente prestar atenção na sua respiração por um minuto; ou perceber as texuras, cheiros e gostos do que come; ou ainda, nesse exato instante qual a sua postura? O que está sentindo?

Viva deliberadamente com menos e veja onde isso te leva.

Você pode desapegar de suas coisas em 30 dias. No dia um você desapega de uma coisa, no dia dois de duas, e assim por diante até as 30 coisas do dia 30. Ou você pode colocar todas as suas coisas em caixas, e só tirar das caixas o que precisar usar. Se em um mês, dois meses, tem caixas que sequer foram abertas, vale considerar um novo destino a elas.

Espero que repense algumas atitudes e alguns de seus bens, afinal se você leu até aqui talvez tenha visto algum valor nestas ideias. Pois valor vai muito além do preço de um objeto, por isso agradeço por você ter chego até aqui.

"Ame pessoas, use coisas. Por que o oposto nunca funciona" Joshua Fields Millburn


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